Um nome para o HR de Cruzeiro

Ligeira, a deputada estadual Leticia Aguiar (Progressistas) protocolou junto ao secretário de Saúde do Estado, Eleuses Paiva, um ofício sugerindo que o Hospital Regional de Cruzeiro seja denominado “Monsenhor Jonas Abib”, em homenagem ao criador da Canção Nova, morto em dezembro de 2022. Segundo a deputada, seria uma forma reconhecimento pelo legado deixado pelo religioso.

 

Com todo respeito que sempre tive pelo padre Jonas, eu, menino criado em Cruzeiro, não acho essa a melhor opção.

 

Por sua obra, monsenhor Jonas Abib será lembrado em todo o país e até fora dele. Afinal, desde sua criação, em 1978, a Canção Nova virou uma potência evangelizadora graças ao trabalho e ao espírito visionário do padre Jonas, seguidor da doutrina da Renovação Carismática Católica. Hoje, tudo na Canção Nova é grande: são milhões e milhões de fieis, uma estrutura poderosa, uma potência em mídia, com rádio, portal e TV, gerados a partir de Cachoeira  Paulista. E pensar que tudo isso nasceu de uma conversa entre Jonas e dom Afonso Antônio de Miranda, bispo emérito de Taubaté, jornalista como eu, morto aos 101 anos, em 2021. “Trabalhe com os jovens”, disse dom Antônio. Foi o que padre Jonas fez, a partir dos “Rebanhões”.

 

Como não reconhecer um realizador desse porte?

 

Simples, sendo justo com os outros. Chamado oficialmente de Hospital Regional do Vale Histórico/Vale da Fé, sob a confusa sigla HRVH/VF, o HR de Cruzeiro não nasceu do nada, fruto da decisão solitária de algum político iluminado. Ele é resultado de um trabalho de anos, décadas, que consolidou a cidade de Cruzeiro como polo médico-hospitalar regional, para o qual convergem pacientes de todo Vale Histórico, Sul de Minas e Oeste do Estado do Rio. Foi assim com a Santa Casa, continuará a ser com o HR a partir de 2024, quando a obra deve ser entregue. Não seria justo buscar dentro dessa história um nome para batizar o HR? A deputada Letícia Aguiar talvez não saiba, mas nomes não faltam na cidade.

 

Aliás, o HR já teve até um nome, sugerido pela Câmara de Cruzeiro durante o governo João Doria. Por iniciativa da vereadora Sandra da Cunha (MDB), foi solicitado oficialmente que o HR fosse batizado de João Bastos Soares, em homenagem a um político que foi prefeito da cidade, deputado estadual e federal, secretário de Trabalho do Estado, secretário da Indústria e Comércio, entre outras coisas. E, cujo sonho, era a construção de um Hospital Regional com sede em Cruzeiro. Alguém é contra? Ora, se apresente e, democraticamente, faça uma sugestão. Outros nomes possíveis existem (de cabeça, eu lembro de três ou quatro), sem furar fila, respeitando a história da luta em defesa da Saúde Pública na cidade e na região do Vale Histórico.

 

Padre Jonas? Esse, com certeza, já está no céu e segue vivo na memória de quem conviveu com ele, com seus ensinamentos e com a sua obra.

 

PS: cá entre nós, o importante mesmo é que o HR de Cruzeiro, o quarto a ser implantando na RMVale, entre em operação e funcione bem, atendendo com qualidade a população do Vale Histórico.