A novilíngua de Bolsonaro


A novilíngua é, definitivamente, o idioma da campanha de Jair Bolsonaro.

 

Nos últimos dias, discursos, postagens, memes, mensagens de zap, propaganda de rádio e TV ligadas a Bolsonaro passaram a bater na tecla da censura como ideia-chave deste momento da campanha eleitoral. O foco é claro: colocar em xeque o TSE e os adversários políticos. Assim, Bolsonaro e seus aliados, que endeusam os Anos de Chumbo da Ditadura Militar (período de censura extrema no país), surgem, nesse tsunami de informação, como paladinos da liberdade de expressão e do Estado Democrático. Didi Mocó perguntaria: cuma? Faz sentido? Nenhum. Mas o objetivo não é fazer sentido. É impor uma narrativa maciça, volumosa, confusa, que dificulte a atuação do TSE, das instituições e dos adversário políticos nesta reta final de campanha. Aí vale-tudo: de veículos de imprensa que abriram mão da prática do jornalismo para mergulhar, de cabeça, na desinformação; a um pastor que finge, na cara-dura, ter sido alvo de censura do TSE; passando por ataques sucessivos e cada vez mais violentos a figuras públicas. Vale mentir. Mentir sobre tudo, a todo momento. O idioma fictício da obra “1984”, de George Orwell, virou realidade. Não importa o fato. O que importa é a narrativa que se impõe a ele. Orwell tratou do totalitarismo e suas formas de dominação, seja pela língua (a novilíngua), pela falsificação da história e pela força. No universo de “1984”, tão importante quanto a “nova língua” é o conceito de “duplipensar”, isto é, de aceitar, simultaneamente, crenças contraditórias. Assim, no ideário bolsonarista, o nazismo é uma ideologia de esquerda e a Ditadura Militar no Brasil, um exemplo a ser seguido.  Mas não se engane. Nada disso é verdade.

 

Esta será uma semana tensa até 30 de outubro. Sobreviver a ela vai exigir muito da sociedade. O que vai sair das urnas do próximo domingo vai definir a cara do  país. Que cara será essa?


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