É mais fácil culpar a torcida ...

 

 

 


Nota zero para a organização da Copa São Paulo nesta primeira rodada em São José dos Campos ...

Os portões do estádio Martins Pereira foram fechados no início do primeiro jogo da rodada dupla (São José e River), deixando mais de 5.000 pessoas para fora, na fila. No estádio, estavam cerca de 3.800. A capacidade do Martins Pereira beira os 15 mil lugares, 10 mil se for mantida alguma margem de segurança sanitária. O primeiro jogo acabou e os portões não foram abertos. As equipes do Corinthians e do Resende entraram em campo, e os portões continuaram fechados. Não havia ninguém da organização para dar informação ou prestar esclarecimentos. A única pessoa que tentou organizar a multidão, que se aglomerava na rampa de acesso aos portões, foi um torcedor, que subiu na grade e tentou falar, sem sucesso, com aquele mundaréu de gente. Chovia aos cântaros. A Gaviões da Fiel começou a cantar: “respeitem a torcida do Timão”. Nada dos portões abrirem. Mulheres e crianças foram levadas para um portão lateral, que permaneceu fechado. Resultado: a torcida derrubou os portões, invadiu o estádio, a PM reagiu com cacetes e bombas de gás. Houve corre-corre, empurra-empurra e, por pouco, não ocorre uma tragédia. No final de tudo, a torcida entrou no estádio em massa, mandando às favas qualquer protocolo sanitário contra a covid-19, enquanto muitos voluntários da prefeitura saiam pelo portão dos fundos, com medo de um novo tumulto. O gás das bombas chegou ao gramado e o jogo teve que se interrompido por 10 minutos, logo aos 2 do primeiro tempo. No fim de tudo, o Corinthians venceu, 2 a 1, com um gol nos acréscimos, para alegria da torcida, que lotou o estádio. Mas, precisava tudo isso?

É importante analisar tudo isso por um motivo simples: o Corinthians vai fazer pelo menos mais dois jogos no Martins Pereira. O que vai ser mudado para evitar um novo tumulto?

Culpar a torcida é fácil, mas não resolve. A organização da Copa São Paulo precisa saber que, sim, o torcedor corintiano vai ao estádio. É assim toda vez, em todo o país. De São José dos Campos, de Taubaté, de Jacareí, Caraguá, da Grande São Paulo, seja de onde for, o corintiano quer ver o Corinthians, não importa o torneio. Aliás, a Copinha é uma paixão da Fiel. A organização não sabia disso? Não se preparou para isso? Mais: jogo da Copinha é de graça. Ver o Timão, nas férias e não pagar nada? É mamão com açúcar. Então, vamos aprender para evitar problemas: torcida organizada tem que entrar por um portão especial e ocupar logo seu lugar na arquibancada; não dá para deixar uma multidão para fora do estádio e, pior, sem qualquer orientação; não se fecha portão com lugar ainda vago para abrigar a torcida (as imagens mostram, no primeiro jogo, boa parte das arquibancadas vazias). Mais: pouco antes do tumulto, PM e  Guarda Municipal deixaram a frente do Martins Pereira. Porquê? Tem jogo sexta-feira, Corinthians e River. O que vai mudar até lá?

Segue o baile ...


PS: As cenas que narrei acima não vieram da minha imaginação, nem me foram contadas por alguém. Eu fui ao Martins Pereira como torcedor na terça-feira à noite, junto com dois filhos meus, para assistir ao jogo. Nós estávamos a 10 metros dos portões quando começou o tumulto. Debaixo de chuva. E não havia ninguém para orientar a torcida. Futebol é um espetáculo que, sem torcida, não existe, não faz o menor sentido. Culpar a torcida é fácil. Mas eu estava lá e vi. Por isso, digo e repito: algo na organização do evento precisa mudar ... 

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