Redes sociais e eleições


 

por Marcos Meirelles

Uma pesquisa do Instituto DataSenado, após as eleições de 2018, constatou que as redes sociais influenciam o voto de 45% dos eleitores brasileiros. E a principal fonte de informação do brasileiro é o WhatsApp –de 2.400 pessoas entrevistadas, 79% disseram sempre utilizar o aplicativo para se informar.

Em 2022, a utilização das redes sociais para a comunicação política será novamente decisiva. A diferença é que o limite entre publicidade legítima e autorizada pela legislação eleitoral e aquela que se vale da desinformação ou de mecanismos vetados por lei estará sob escrutínio intenso da Justiça Eleitoral.

Os disparos em massa pelo WhatsApp seguem proibidos e as próprias redes sociais devem criar mecanismos de análise e controle de conteúdo para evitar a disseminação de fake news.

Como estruturar uma campanha política com foco nas redes sociais, de forma inovadora e sem correr o risco de infringir a lei eleitoral?

Se o candidato tem uma base considerável de seguidores, seu desafio é despertar o interesse do eleitor com uma narrativa que fuja das campanhas convencionais. Mesmo para falar de combate à corrupção, por exemplo, é necessário criar associações emocionais que estimulem o eleitor a buscar mais informações sobre a candidatura e suas propostas.

Sem uma base fiel de seguidores, o desafio do candidato é lançar ideias e postagens que provoquem engajamento imediato nas redes e multiplique a circulação do conteúdo. Em se tratando do terreno árido da política, é bem mais difícil do que se tornar influencer de gastronomia ou de roteiros turísticos.

O texto do novo Código Eleitoral está parado no Senado e isso deve dificultar ainda mais o planejamento das campanhas eleitorais nas redes sociais em 2022. Sem uma legislação atualizada sobre o tema (mesmo que a proposta aprovada pela Câmara seja eivada de brechas), a tendência é que a Justiça Eleitoral volte a “legislar” e normatizar questões como o impulsionamento de conteúdos políticos nas redes sociais.

Não bastará aos candidatos, portanto, dizer boa tarde ou boa noite aos seguidores das rede sociais e pontuar sua plataforma de campanha. Será preciso um planejamento estratégico para a campanha na internet, que considere inclusive os cenários para a punição de candidaturas sinalizados pela Justiça Eleitoral. 

Marcos Meirelles é jornalista e integrante da equipe de Bússola Comunicação Pública

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