Chá de otimismo?

 

Chá ou suco? Tanto faz, desde que seja de otimismo

Políticos são engraçados ...

O governador João Doria (PSDB) reagiu mal a uma pergunta fora do script feita pela jornalista Daniela Lopes, da Rede Vanguarda, na entrevista coletiva improvisada na última sexta-feira, no Parque Tecnológico de São José dos Campos, no encerramento do  Retomada SP, um roadshow promovido pelo governo em 13 regiões do Estado. Perguntado, objetivamente, como os R$ 28 milhões de investimento anunciados pelo Estado para a RMVale ajudariam a reduzir as perdas sofridas pelo setor industrial da região ao longo da pandemia, Doria começou a sua resposta dizendo que daria um presente à repórter: uma dose de chá de otimismo. Em seguida, de volta ao discurso padrão, passou a enumerar realizações do Estado e sua visão positiva da economia paulista.

Chá de otimismo?

Ora bolas, jornalistas não são obrigados a seguir a cartilha de governos. Ao cobrar uma visão otimista da repórter, ou seja, uma visão alinhada ao discurso e aos projetos do governo, Doria soou semelhante ao seu principal inimigo político, o presidente Jair Bolsonaro, que reage sempre mal às perguntas da imprensa. Isso serve de alerta: sejam de direita, centro ou esquerda, boa parte dos nossos políticos prefere uma imprensa dócil a ter que encarar perguntas fora do ambiente oficial edulcorado. Na Redações, a gente aprende: não existe pergunta difícil, existe resposta ruim. Definitivamente, a resposta de Doria foi ruim. No final de sua fala, ele até tentou consertar a bobagem, minimizando o chiste, com um sorriso amarelo, mas o escorregão já estava dado. Bom comunicador, com anos e anos de “janela”, Doria pecou pela arrogância. Em campanha (e Doria está em campanha), a arrogância é igual a bumerangue: volta contra o autor e pode ser mortal.

Segue o baile ...


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