Torta na cara

 


Debates entre candidatos são necessários, aliás, mais que isso, são essenciais em uma campanha eleitoral.

Mas, falando francamente, é preciso repensar o formato deles para que esses confrontos tenham, realmente, algum efeito positivo para o eleitor. Com as regras atuais, engessadas, geralmente o resultado é um grande e monótono empate. E, olha, digo isso 48 horas depois de um bom debate, realizado pela Rede Band Vale, em parceria com o jornal “O Vale”, na noite da última quinta-feira, entre os candidatos a prefeito de São José dos Campos. Se não teve nocaute, serviu para definir o posicionamento de cada um nesse início de campanha. Um posicionamento que começa a clarear, de fato, a partir do dia 9, quando terá início o horário eleitoral gratuito de rádio e TV, e, importante, vai ser divulgado o resultado da primeira pesquisa Ibope, encomendada pela Rede Vanguarda. Números que podem deixar alguns com um sorriso de orelha a orelha e, outros, com cara de tacho. Vamos ver.

Mas, retomando o  fio da meada, o formato atual de debates é engessado.

Perguntas escolhidas, respostas ensaiadas, frases de efeito, gravata combinando com o cenário, terninhos, regras rígidas, os candidatos mergulham em um cenário tenso, mas, acredite, controlado. É obra do marketing, da ilusão, do superficial. Por isso, geralmente, sabatinas com um candidato só funcionam mais para tirar dúvidas, aprofundar temas. Para salvar os debates é  necessário, com urgência, tirar os candidatos da zona de conforto, do livrinho que eles carregam para cima e para baixo, das frases decoradas. Nem os candidatos, nem os marqueteiros gostariam disso, mas, o eleitor, sim. Em termos práticos, o eleitor teria informação mais consistentes, verdadeiras, sobre cada um dos candidatos se eles encarassem uma luta na lama, um campeonato de  torta na cara, disputassem a Dança dos Famosos ou um Master Chef entre prefeituráveis. Nós, eleitores, veríamos, aí sim, pessoas mais ou menos reais em situações mais ou menos reais e fora de controle, como é, de fato, na vida.  Claro, essas situações são um exagero. Mas dá para pensar em outras, mais objetivas. O importante é tirar os candidatos desse simulacro que passamos a entender, por obra do marketing, como campanha eleitoral.

Teríamos, com certeza, representantes mais verdadeiros, uma democracia exercida com mais transparência e, claro, nos divertiríamos muito mais.


Comentários

Postagens mais visitadas