O PT derreteu?

 


Os levantamentos Paraná Pesquisas e Ibope sobre intenção de voto a prefeito de São José dos Campos mostram uma tendência que, confirmada pelas urnas de novembro, merece uma reflexão profunda: o PT encolheu.

Ou, numa figura de linguagem mais realista, o PT derreteu ...

Claro, essa conclusão ainda carece passar pelo crivo das urnas e reflete um fenômeno que não está restrito a São José dos Campos. Em diversas cidades, como São Paulo,  por exemplo, onde a candidatura de Jilmar Tatto patina abaixo dos 5% nas pesquisas, o PT sofre os efeitos do desgaste dos últimos anos, infligidos por uma sucessão de pequenos, médios e grandes escândalos. Mas, aqui, em São José dos Campos, é necessária uma abordagem mais detalhada.

Vamos lá ...

Há quase 30, o PT tem atingindo sempre um patamar histórico acima dos 20%, 25% dos votos na cidade, patamar que explodiu em 1992 e 2012, nas eleições de Ângela Guadagnin e Carlinhos Almeida. Nesse período, o partido polarizou com o PSDB a hegemonia política, elegeu deputados (Ângela e Carlinhos, novamente) e, mesmo quando amargou derrotas eleitorais, seus candidatos sempre tiveram votação expressiva, acima dos 30% dos votos válidos. Na reeleição de Eduardo Cury (PSDB) a prefeito, por exemplo, Carlinhos perdeu, mas alcançou mais de 40% dos votos válidos. Hoje, a confirmar as pesquisas, Wagner Balieiro atingiria menos de 10% (8%, segundo o Ibope; 7,8%, segundo a Paraná Pesquisas), talvez um pouco mais (em razão da margem de erro). O que houve? Balieiro é um vereador atuante, foi secretário de Transportes, candidato a deputado, tem uma trajetória na política local. Mas? O desastre político e administrativo do governo Carlinhos (que os petistas teimam em negar) contamina, de forma direta, as eleições de 2020? Claro, é sempre bom frisar: pesquisa que vale, de verdade, é a que sai das urnas. E, até lá, muita água ainda pode passar por debaixo da ponte. Mas os índices são um claro sinal de alerta.

E, francamente, não apenas para o PT.

Em São Paulo, o PT desidrata com Tatto, mas a esquerda encontrou Guilherme Boulos (PSOL), candidato que, se não disparar nas pesquisas, pelo menos assume uma posição relevante do debate político. Em São José dos Campos não se repete, até agora, fenômeno semelhante. Além de Balieiro, outras candidaturas de esquerda também estão no bloco de baixo das pesquisas –Marina Sassi (PSOL), João Bosco (PCdoB) e Raquel de Paula (PSTU) têm, respectivamente, 2,6%, 1,4% e 0,7% das intenções de voto, segundo a Paraná Pesquisas (Ibope dá Marina com 2%, João Bosco e Raquel com menos de 1%). Somadas as candidaturas alinhadas à esquerda vão a 12,5% dos votos, pela Paraná Pesquisas, abaixo do patamar tradicional do PT em anos anteriores. Isso leva a uma pergunta: para onde foram os votos da esquerda? Surgirão nas urnas, dizem lideranças e militantes. Ok, vamos esperar. Mas, e se eles não surgirem ou surgirem em patamar menor? O que houve? A esquerda perdeu seus discurso?

Rejeição

Para complicar, o Ibope mediu rejeição e, aí, o resultado é um desastre: Balieiro lidera (24%), seguido de Marina (21%). João Bosco tem 12% e Raquel, 7%. Tá difícil ser de esquerda ...

Segue o baile ...

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