O papa e os jornalistas

Francisco: jornalismo pela verdade


Comecei o fim de semana com uma mensagem do meu amigo Brasilino Neto, me instigando a ler um artigo do “Vatican News”, um site de informação cujo conteúdo é produzido pela Secretaria de Comunicação da Santa Sé. Trata-se de um texto assinado por Silvonei José, narrando um encontro do papa Francisco com jornalistas.

Independente da fé de cada um, é uma boa reflexão.

Tudo o que você precisa é de um simples tuíte para magoar uma pessoa ou uma comunidade inteira”, disse o papa, em uma reflexão sobre a prática do jornalismo, a velocidade da informação e à praga das fake news. Em seguida, Francisco elogiou o valor da humildade. “Em um momento em que muitas pessoas difundem fake news, a humildade impede de vender a comida avariada da desinformação e convida a oferecer o pão bom da verdade.“ Em seguida, o papa acelerou a marcha. “Cada um de nós sabe como é difícil e quanta humildade requer a busca da verdade”, disse, acrescentando que é mais fácil não fazer muitas perguntas, contentando-se das primeiras respostas, simplificar, permanecer na superfície, na aparência; contentar-se com soluções óbvias.

Na sequência, Francisco expõe em pensamento que defendi muito ao longo de anos e anos de profissão, comandando diversas Redações.

“A humildade do não saber tudo primeiro é o que move a busca. A presunção de saber já tudo é o que a impede”, afirmou. Traduzindo: se você já tem a resposta antes da pergunta, meu amigo, você está na trilha errada. Essa é uma verdade incômoda, que, se negada, é um risco ao bom trabalho, à informação exata, à divulgação de uma notícia honesta, informativa, completa, elaborada segundo os critérios técnicos e lógicos do jornalismo profissional. Tem até uma piada sobre isso, piada que soa irônica em texto que cita o papa, mas vai lá: médico acha que é Deus, jornalista tem certeza. Muitas vezes, ele decide sobre o bem e o mal em segundos. Acusa, julga, executa. Quantas falsas verdades são tratadas muitas vezes como fato consumado? Depois, só o pó, como gosta de falar o padre Rinaldo Rezende, hoje pároco em Santana, o bairro mais mineiro de São José dos Campos. Não são todos que agem assim, mas essa praga existe, existe sim. Voltando ao tema, essa reflexão de Francisco é um Norte a não ser perdido na bússola desses tempos complicados, de pressão e mais pressão sobre a atividade da imprensa.

Francisco termina com uma defesa da liberdade de imprensa e de expressão, lembrando que, nas ditaduras, a censura é uma das primeiras medidas. E defende um jornalismo livre, a serviço da verdade, do bem, do correto, um jornalismo que ajude a construir a cultura do encontro. “Precisamos de jornalistas que estejam do lado das vítimas, do lado dos perseguidos, do lado daqueles que são excluídos, descartados, discriminados.”

Valeu, Brasilino. Obrigado pela lembrança e pela oportunidade de reflexão sobre um tema tão interessante e delicado.

Segue o baile ...


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