Foi bem, mas foi mal ...

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL)


O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) não se saiu mal nas entrevistadas de TV na segunda-feira à noite, mas mostrou que andou cabulando algumas aulas importantes no cursinho intensivo de reeducação cívica que anda fazendo ...

A conferir ...

Primeiro, na entrevista para a Band, Bolsonaro insistiu na tese de que não houve Ditadura Militar no Brasil, desta vez com um agravante: também não houve censura. Segundo ele, só algumas notícias foram excluídas de jornais, quando havia nelas informações disfarçadas, senhas que seriam usadas pelos terroristas em assaltos a bancos e coisas do gênero. Essa é do “ó do borogodó”. Bolsonaro anda assistindo muitos filmes B de espionagem. Menos, capitão. A censura era por outro motivo. Para impedir, por exemplo, que todo país soubesse que o Vale do Paraíba e parte do interior de São Paulo sofriam com uma epidemia de meningite. Já pensou que feio todo mundo saber que o todo-poderoso Regime Militar não conseguia impedir uma doença matasse dezenas e dezenas de pessoas? O caso da epidemia censurada é famoso. Mas Bolsonaro não o conhece, prefere seu enredo mambembe de "Missão Impossível", sem Tom Cruise no papel de herói. Sofrível ...

E não parou por aqui ...

O presidente eleito faltou na aula de gestão de recursos públicos, como revela sua resposta no Jornal Nacional de que deixará o jornal “Folha de S. Paulo” fora do rol de veículos de imprensa que receberão verba da publicidade oficial a partir de 2019. Motivo: a "Folha", segundo ele, faz mau jornalismo e divulga fake news. Bolsonaro deveria saber que verba de publicidade oficial não é igual ao dinheiro que ele gasta no armazém, no cafezinho ou na banca de jornais. Não é dinheiro dele. Está em qualquer cartilha de gestão: verba de publicidade deve ter gestão técnica, baseada na abrangência de cada veículo, não no gosto do chefão da vez. Não gosta da “Folha”? Problema dele, leia o “Estadão”. Usar seu cargo para intimidar veículos de imprensa é abuso de poder, factível de gerar uma dor de cabeça para o valentão de plantão. Nesse ponto, Bolsonaro se parece com muita gente do PT que passou pelo poder: libera recursos públicos para veículos simpáticos, corta dos veículos críticos. Conheço bem o tipo.  Winston Churchill, cuja biografia Bolsonaro mostrou na TV na noite de domingo, tinha razão: apesar de diferentes, a direita e a esquerda são iguais em sua forma de exercer o poder.

Mas tudo bem ...

As entrevistas valeram para Bolsonaro jurar obediência à Constituição, admitir que, algumas vezes, fala o que não devia e mostrar uma face humana, simples e até simpática. Gostei bastante. Agora, vamos lá, capitão: capricha no cursinho intensivo de reeducação cívica e não cabule mais aulas. O Brasil merece um bom presidente ...

Comentários

  1. Bolsonaro será Presidente em janeiro,e já leva culpa, até por epidemia de meningite ?

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