Piripaque do Chaves


Nós sim, nós não, nós sim, nós não, não sei ....

Assim como aconteceu com Rodrigo Tavares (PRTB) no debate entre candidatos a governador do Estado realizado esta semana pela Rede TV, o eleitor brasileiro corre o risco de ter um piripaque do Chaves e ficar cada vez mais perdido diante da atual campanha eleitoral, disputada em ritmo alucinante. Temos de tudo: um presidiário que tem sua candidatura lançada a presidente da República e aparece como líder de pesquisas eleitorais; um candidato que prega a volta do prendo-e-arrebento, mas que não sabe somar dois mais dois sem a ajuda de seu guru na área econômica; um candidato preparado, mas que é sabotado dia e noite pelos cardeais de seu partido e pelos coronéis dos partidos aliados; e até a volta de uma candidata bissexta, que ressurge de quatro em quatro anos após hibernar sabe-se lá em que lugar deste planeta. E, olhe, isso só entre os presidenciáveis. Na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes, a coisa não é muito melhor.

Nesse Saara de ideias, cruel como o solo mais esturricado do sertão do Nordeste, Rodrigo Tavares parece até normal ...

Ponta-de-lança do time de Jair Bolsonaro em São Paulo, Rodrigo gagueja, diz coisas que não tem sentido algum (como colocar na conta de Luiz Marinho, do PT, explicar alguma coisa estranha sobre o avião Grippén, acentuado de forma errada, culpa, talvez, do assessor que escreveu suas falas e, distraído, não ensaiou bem seu assessorado), faz cara de sério, mas não convence, com sua estampa de menino de colégio que foi escalado para um jogo de gente grande. Em pleno debate, perdeu o foco. Nós sim, nós não, não sei. “Sei que amanhã estarei na internet com memes como o 'piripaque do Chaves', que pode acontecer, mas o importante é dar risada de si mesmo, é passar por cima”, disse, ao vivo e a cores, arrancando risos da plateia. Em um debate engessado, como têm sido todos, com suas regras rígidas e frases decoradas, com tantos candidatos que a gente até esquece que um ou outro estão por lá, Rodrigo foi o ponto fora da curva, a cara do brasileiro comum frente a esse teatro político que, muitas vezes ou quase nunca, tem feito sentido. É como se fosse outro Brasil, discutido por brasilianistas em alguma universidade dos Estados Unidos ou da Europa.

É isso: nos debates, sobram regras, marketagem e teatro, mas falta Brasil.

É uma pena. Cara a cara com essa gente engravatada, maquiada, botocada e engessada em três ou quatro frases de efeito, escritas por especialistas em comunicação política, o brasileiro está a um passo de ter, ele sim, um piripaque do Chaves. Nós sim, nós não, não sei. Tá duro arrumar um em quem votar ...

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