O ovo da serpente
Tiro ao Alvo no JN |
Um
raio cai duas vezes no mesmo lugar?
Em se tratando de Jair Bolsonaro e a Rede Globo, a resposta é: cai sim. E causa estrago.
Em se tratando de Jair Bolsonaro e a Rede Globo, a resposta é: cai sim. E causa estrago.
Pois
é, semanas depois de ter trucado em cima dos jornalistas da Globo News, o candidato
do PSL a presidente da República transformou a bancada giratória do “Jornal
Nacional” em plataforma de tiro de artilharia e encarou Willian Bonner e Renata
Vasconcellos com sangue nos olhos em pleno horário nobre da TV aberta.
Resultado: fora um sabão passado por Renata em uma questão sobre salário da
mulher no mercado de trabalho (aliás, um belo sabão), Bolsonaro respondeu às
mesmas perguntas que têm pontuado todas as suas entrevistas (vide Roda Viva e Globo
News), pregou aos convertidos e colocou a Globo na defensiva, de novo, ao
lembrar o Editorial assinado por Roberto Marinho em apoio ao Golpe Militar de
64. “Roberto Marinho era um ditador ou um democrata?”, perguntou, pouco depois
de Bonner reagir, meio sem jeito: “O senhor vai citar isso de novo?” Bem, Bolsonaro
mostrou, mais uma vez, infelizmente, que nem seus adversários, nem a imprensa descobriram
ainda uma bala de prata capaz de abalá-lo em sua campanha rumo à Presidência da
República.
Pior:
em toda entrevista, Bolsonaro deixa os jornalistas em maus lençóis. Ou melhor,
em todo bate-boca, tal o grau de confronto como as entrevistas são conduzidas.
É
uma pena. O capitão, chamado de Bolsomito pelos seus correligionários, tem
ideias mais rasas que uma poça d’água e uma coerência mais esburacada que
queijo suíço. Pior: com uma campanha construída aos trancos e barrancos, a
bordo de ideias truculentas, Bolsonaro aposta em uma versão direitista do “nós
contra eles”, essa praga política criada por Luiz Inácio Lula da Silva e o PT. E
dá certo. Hoje cedo, horas após a entrevista ao “JN”, procurei conversar com
alguns simpatizantes de Bolsonaro. Todos adoraram a performance dele. E a
resposta da Renata Vasconcelos?, perguntei. “Ela tinha que dizer aquilo”,
respondeu um bolsominion, de forma vaga. E as mordomias do cargo, que ele
critica, mas usa?, insisti. “É direito dele, está na lei”, argumentou outro. E
a defesa que ele faz da Ditadura?, fui, novamente à carga. “Ditadura? Não teve
ditadura no Brasil”, radicalizou o terceiro. Bem, aí já é demais. Quando
Bolsonaro consegue reescrever, com sucesso, a história do Brasil, aí a coisa
deu ruim, como diz a gíria.
E
ninguém ainda conseguiu cunhar uma bala de prata contra ele.
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