Uma caixinha de surpresas


Futebol é uma caixinha de surpresas.
Pior que isso só cabeça de juiz, bumbum de bebê e urna eleitoral, já dizia o ditado.


A Copa que ninguém queria, segundo as pesquisas, está aí, fazendo a alegria da cambada (eu, inclusive), que solta fogos a cada gol da Coreia do Sul na Alemanha ou com a Argentina quase batendo na trave. Ué, mas 75% diziam que não estavam nem aí para o Mundial? Bem, junho é mês de Copa, mas também de Festa Junina. “Olha a cobra”, grita um. “É mentira”, responde o coro. Dia de jogo do Brasil, então, é meio-feriado. E, olha, com o Brasil jogando uma bolinha murcha. Já pensou se vira escrete? É feriado e meio. Mas e a pesquisa? Bem, pelo jeito ampliaram além da conta a margem de erro e deu nisso: a Copa que ninguém queria mexe com corações, paixões e mentes.

Cá entre nós, a pesquisa não mediu a Copa, mediu o humor do brasileiro.
E, este, está azedo com quase tudo. 


Esse azedume é a explicação de Jair Bolsonaro estar liderando as pesquisas, quando Luiz Inácio, o preso mais famoso do país, é sacado da disputa. Bolsonaro é o outsider que está navegando de vento em popa  porque todo mundo parece ter virado gato do mesmo saco no mar da corrupção e porque todos os remédios usados para salvar o Brasil até agora estão matando o paciente ao invés de curar. Vai dar chegar lá? Complicado. Mas está lá, surfando nas ondas do rancor, da desinformação, do inconformismo sem foco. Agora, que ninguém se engane: vai ter Copa e vai ter eleição, decidida pela maioria silenciosa, aquela não revela candidato a pesquisador, que pode transformar o país em um imenso Tocantins, onde metade dos eleitores deu uma banana para as urnas. Essa bolha do Tocantins é um alerta vindo no horizonte sobre o colapso total na representatividade política que vai explodir nas urnas de outubro? É bom colocar as barbas de molho, é a profecia de Tiririca às avessas: pior do que está, fica, sim senhor.

Mas, treino é treino, jogo é jogo, já dizia Valdir Pereira, o Didi, apelidado de Príncipe Etíope por Nelson Rodrigues, inventor da “folha seca”, que comandou o Brasil nos Mundiais de 58 e 62, ao lado de Pelé e Garrincha. Vamos torcer para que o Brasil reencontre a alegria de jogar futebol e ponha os gringos na roda nos gramados da Rússia. E vamos torcer ainda mais para que não haja apagão eleitoral em outubro, um 7 a 1 cívico, capaz de doer mais que a derrota para a Alemanha. Mas, tudo é possível. Afinal, a política, assim como o futebol, é uma caixinha de surpresas.

Este artigo foi publicado originalmente na edição deste final de semana do jornal "O Vale"

Comentários

Postagens mais visitadas