Frank Sinatra está resfriado

Frank Sinatra


Com a elegância que é marca registrada  de seus textos, o jornalista Gay Talese descreveu uma vez Frank Sinatra resfriado.

“Sinatra resfriado é Picasso sem tintas, Ferrari sem combustível, só que pior. Porque um resfriado comum despoja Sinatra de uma joia que não dá para por no seguro –sua voz --, mina as bases de  sua confiança, e afeta não apenas seu estado psicológico, mas parece provocar uma espécie de contaminação psicossomática que alcança dezenas de pessoas que trabalham para ele, bebem com ele, gostam dele, pessoas cujo bem-estar e estabilidade dependem dele. Um Sinatra resfriado pode, em pequena escala, emitir vibrações que interferem na indústria do entretenimento e mais além, da mesma forma que a súbita doença de um presidente dos Estado Unidos pode abalar a economia do país.”

Publicado na revista “Esquire” em 1965, “Frank Sinatra está resfriado” é considerado uma pequena obra-prima e, para muitos, o marco de um novo jeito de contar histórias, o chamado Novo Jornalismo.

Bem, o que isso tem a ver? Nada. E tudo. Não sou Sinatra, longe disso, afinal, não sei cantar nem no chuveiro, mas um resfriado forte me jogou na lona por quase uma semana e me fez lembrar o texto de Talese, entre crises de espirro, colheradas de xarope, olhos lacrimejantes e alguma febre, hora ou outra. Picasso sem tintas, Ferrari sem combustível, só que pior. No meu caso, com franqueza, estou mais para pintor de paredes (com todo respeito aos pintores de parede) e um pois-é 68. Só que pior. Com um resfriado encalacrado, sumi do blog, submergi para as notas e as informações, me limitando a acompanhar de longe, mas bem longe, o desenrolar de algumas novelas políticas na cidade, na região, no planeta. O que tanto ocorreu? Contrato da ponte estaiada? José Dirceu livre? Mais uma do Maninho? João Doria faz campanha em São José dos Campos? Reforma administrativa na Câmara deu chabu?  Prisão do Tucanogate? Cai-cai do Neymar? Bate-papo sobre Monteiro Lobato no Vicentina Aranha?

Bem, pouco a pouco vou recuperando a forma e colocando as pautas em dia.
Uns pitacos aqui, outros ali e vamos-que-vamos. Afinal, verdade seja dita: com resfriado ou sem resfriado, segue o baile ...

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