Uma vitória da arte

Felipe Rezende pintado seu mural

A arte venceu o cinza ...

O artista Felipe Rezende começou a refazer o  grafite que havia sido apagado pela publicidade de uma corretora de seguros na esquina da avenida Marechal da Costa e Silva, em Taubaté. Na noite deste sábado, o trabalho estava bastante adiantado. "A arte deixa a a cidade mais humana, mais comunicativa, mais expressiva. A quantidade de pessoas que passa por aqui e elogia mostra que elas querem uma cidade mais bonita, mais sensível, mais emocional. Afinal, a cidade é feita para as pessoas. Ela precisa ser mais amigável", disse Felipe, o IFI, ao blog dois:pontos. 

O caso gerou polêmica.

No espaço do muro lateral da Marechal, Felipe havia pintado, quatro anos atrás, um menino de rua dormindo. O desenho acabou incorporado à paisagem urbana. Até alguns meses. O grafite original foi coberto pela publicidade de uma corretora de seguros, a Rodrigo Camargo, dona do imóvel. Uma postagem nas redes sociais revelou o caso, deflagrando uma polêmica. Na esteira do tsunami que se seguiu, a corretora decidiu rever a publicidade e transformar o limão em limonada: pediu desculpas.  “Erramos ao tentar pintar a memória de uma cidade. Erramos ao fazer sobressair o marketing à arte. Erramos." O proprietário da empresa procurou o artista e fez um acordo: a publicidade seria substituída por outro grafite, de autoria de Felipe Rezende. Um menino, agora acordado para a vida. Ponto para a corretora, que entendeu que os valores hoje são mais importantes que uma logomarca, do que uma publicidade convencial.

Na busca de inspiração, Felipe buscou diversas fontes. Parou na foto de uma criança, nas redes sociais do próprio Rodrigo Camargo. E fez o desenho, que está sendo reproduzido na parede da polêmica. Descobriu depois que o menino era parente de Rodrigo. Não foi a única história com final feliz. O pintor que apagou o grafite original, Toledo, acabou virando amigo do artista. E terá sua assinatura --feita na publicidade da corretora-- preservada na nova obra, que estava sendo  executada a todo vapor por Felipe na noite deste sábado, atraindo a atenção das pessoas que passam pela Marechal, ganhando cores a cada nova pincelada. Afinal, a arte é isso, uma construção contínua, que se só completa quando apreciada.

Numa época em que o exemplo de João Doria, de apagar grafites com tinta cinza nas ruas de São Paulo, ganha apoios, o desfecho desse caso de Taubaté é um exemplo. A arte, sensível, humana, presente, é sempre melhor e mais bonita que um muro cinza, que uma publicidade qualquer, que a ausência da própria arte.

E segue o baile ...
Desta vez mais bonito, mais colorido, mais alegre ...

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