Memórias de uma Guerra Suja


Para registro ...

Os documentos da CIA que ligam a cúpula da Ditadura Militar a execuções sumárias de adversários do regime nos anos 70 têm uma ligação direta com o Vale do Paraíba. O elo é Wilson Silva, desaparecido político, de Taubaté, que foi para São Paulo nos anos 70 para estudar na USP e se envolveu na luta contra o regime militar. Militante da Ação Libertadora Nacional, Wilson desapareceu em São Paulo em 1974, aos 32 anos, ao lado da mulher, Ana Rosa Kucinski, irmã do jornalista Bernardo Kucinski. Eles foram presos no centro de São Paulo e sumiram sem deixar pistas. 

As primeiras informações sobre o destino do casal só começaram a vir a público décadas depois, com a redemocratização do país.

Em 1993, o ex-cabo do exército José Rodrigues Gonçalves declarou que Ana e seu marido foram presos pela equipe de um dos mais famosos agentes da repressão da época, o delegado paulista Sérgio Paranhos Fleury, e entregues aos militares, que os levaram para a Casa da Morte, um centro clandestino de torturas e assassinatos dos exército na cidade de Petrópolis (RJ), onde foram interrogados, torturados e executados. A passagem deles pela Casa da Morte também viria a ser assinalada anos depois por outras fontes militares. Em 2012, o ex-delegado e torturador confesso Cláudio Guerra, em depoimento aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros para o livro "Memórias de uma Guerra Suja", afirmou que os corpos de Wilson Silva e Ana Kucinski foram incinerados no forno da Usina Cambahyba, no Rio de Janeiro, junto com o de outros presos políticos executados. O corpo de Ana tinha "marcas de mordidas, talvez por ter sido assaltada sexualmente". O de Wilson "não tinha unhas na mão direita".

E tem gente que tem saudade desse tempo ...

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