Lula ganhou ou perdeu?


Lula conseguiu tirar proveito do gato e rato com a PF?
Quatro visões sobre sobre o último ato do ex-presidente antes de ser preso e conduzido pela PF para Curitiba. Você tira as conclusões.


Fernando Rodrigues lê as intenções por trás do gesto de Lula: “Do ponto de vista estritamente político, Lula foi bem-sucedidoneste momento. Conseguiu uma cobertura  maciça de mídia para o seu caso. Semeou na mídia internacional uma dúvida sobre a lisura institucional do processo que o condenou. Gravou cenas cinematográficas sobre sua ‘resistência democrática’. As imagens serão usadas ‘con gusto’ durante a campanha eleitoral. Colou em parte do seus seguidores a sua interpretação dos fatos. O fato é que, como indicam todos os sinais recentes do Judiciário, Lula passará alguns anos na prisão. Em regime fechado. Cálculos realistas, que já consideram eventuais benefícios para redução de pena, indicam que dificilmente deixará de passar de 4 a 6 anos em regime de prisão fechada. Se isso se confirmar, Lula e seus aliados sabem que seria necessário preparar o terreno para atravessar o deserto sem o principal líder do PT em liberdade.”

Merval Pereira interpreta as consequências do gesto: “Lula quebrou todos os acordos feitos com a Polícia Federal desde as 17h de sexta para se entregar, e montou uma encenação que só piorou sua situação, política e jurídica. Ele exortou seus seguidores contra a Justiça, os promotores, contra a imprensa, chancelando uma posição radicalizada que só poderia resultar nos tumultos. O risco de haver um conflito que provocasse mortos e feridos foi o que mais pesou na decisão de ser condescendente com o ex-presidente. Por volta das 12h, quando Lula anunciou aos militantes de cima do carro de som que se entregaria, houve alívio entre as autoridades que negociavam com os advogados. O certo é que sua situação jurídica se complicou muito, e se não for punido agora mesmo, é quase certo que nas próximas condenações, se acontecerem, sua prisão preventiva pode ser decretada devido à resistência. Isso na hipótese de que esteja solto, por obra de um novo habeas corpus, ou em prisão domiciliar, ou em conseqüência de eventual mudança da jurisprudência sobre a prisão em segunda instância. Mas vai ser proibido de fazer campanha. Depois de preso, acabou, define uma autoridade envolvida na operação de prisão do ex-presidente.”

Ricardo Miranda observa os sucessores apontados: “Se está óbvio que Ciro Gomes foi expelido da frente de esquerda que Lula começa a montar, também foi percebido o aceno para três possíveis candidatos presidenciais – Boulos, Manuela D’Ávila e Fernando Haddad. Teve uma atenção flutuante em relação a Haddad. Deixou-o no jogo, mas ao mesmo tempo tirou-o. Manuela, cuja beleza elogiou, é uma paixão política platônica. A identificação de Lula é com Boulos. ‘Você tem futuro, meu irmão. É só não desistir nunca, avisou Lula, com um forte abraço. Seria uma opção ousada. Apoiar um candidato do PSOL, escoadouro dos petistas descontentes. Por outro lado, teria o sentido de um reencontro, como foi o comício de Lula na porta de seu velho sindicato.”

José Roberto de Toledo percebe as ausências: “Dos petistas cotados para disputarem a presidência, um não estava lá, outro ficou no fundo da cena, e o terceiro tem barba e cabelo brancos. A troca de bastão não se completou no partido. Preferido pela máquina do PT, Jaques Wagner não apareceu na cena de despedida de Lula. Mãos cruzadas à frente do corpo, Fernando Haddad parecia tão encabulado no palanque quanto em sua derrotada campanha à reeleição como prefeito. Celso Amorim é diplomata.”

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