Vai para o trono ou não vai?


O Brasil não é para principiantes, disse, com sabedoria, o maestro Tom Jobim, um gênio que tinha brasileiro até no nome.

Alberto Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o Tom, tinha razão.

Só brasileiro com DNA brasileiro e PhD em Brasil para encarar com naturalidade que o apresentador Luciano Huck sonhe em se lançar a candidato a salvador da pátria, saltando direto do palco do “Caldeirão” para a disputa pela Presidência da República. Somos malucos, mas não é de hoje. A loucura, loucura, loucura de Huck lembra a meteórica candidatura de Silvio Santos a presidente em 1989. Bateu na trave. Ou melhor, no TSE, que cassou seu registro. Huck não quer repetir Silvio. Se entrar, será pelas regras do jogo. Está a caça de um partido. E quem levantou a mão e disse “venha”? Entre outros, o PPS de Roberto Freire, que decidiu abandonar de vez a linha ideológica, calcada no antigo PCB, para engrossar a geleia geral. Para isso, vale até ignorar a pré-candidatura do senador Cristovam Buarque. “Ele não tem voto”, decretou Freire, descartando um dos nomes mais respeitos do partido como uma simples lata velha.

E se não tiver Huck?
“Vamos de Alckmin”, respondeu o manda-chuva do PPS. Surpresa? Nenhuma.


(Aqui vale a pena abrir um parênteses. Luciano Huck, como cidadão brasileiro, tem todo direito a se lançar candidato a presidente. Cumpridas as exigências legais, todos nós temos. Quais são elas? A pessoa precisa ser brasileira, estar em pleno exercício de seus direitos políticos, estar alistado na Justiça Eleitoral e ser filiado a um partido político até um ano antes da eleição. Além disso, tem um limitador de idade: 35 anos para presidente, vice-presidente e senador. Buck, por exemplo, tem 46 anos. O que se discute aqui é o lastro político dele. Dilma Rousseff caiu de para-quedas na Presidência em 2010 e deu no que deu. Fecha parênteses)

A disputa pelos rumos do Brasil em 2018 mais parece um programa de auditório pelo seu exotismo. É um universo volátil. Mais sujo que pau de galinheiro, Luiz Inácio Lula da Silva ensaia campanha pelo Brasil a fora. Se for barrado pela Justiça, deve passar o bastão a Ciro Gomes (PDT), que sonha em liderar uma frente de esquerda. Na pista oposta, Jair Bolsonaro (PSC), o queridinho da direita e de namorico com o MBL, tenta reescrever a história, negando a violência da Ditadura Militar e disparando impropérios contra quem ousa contradizê-lo. No centro, Geraldo Alckmin venceu a queda-de-braço com seu ex-pupilo, João Doria, mas enfrente um PSDB dividido e manchado pela Lava-Jato, além de ter pouca densidade fora de São Paulo. Sobra Marina Silva (Rede), que, após submergir por um tempo, ressurge, com o mesmo discurso e tempo menor de TV.

Além de ganhar a eleição, algum desses tem a capacidade de unir o Brasil? Difícil, mas esse é o desafio que se impõe. 

Este artigo foi publicado originalmente na edição deste final de semana do jornal "O Vale"

Comentários

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  4. Neste momento, às 18h e poucos minutos do dia 11.11.2017, o Caldeirão do Huck promove um casamento na Arena Corinthians. Vai ser durante o intervalo.
    Estádio lotado... quer melhor divulgação de uma candidatur? Se se vingar a pretensão dele, a pré-campanha já foi feita.

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