Um basta à violência


O cenário de violência que se instala em alguns bairros da zona leste de São José dos Campos tem gosto de tragédia anunciada.

Pior: este é um filme que já foi visto antes, muitas vezes, e o final é sempre ruim ...

A violência é um problema crônico do Jardim São José 2 desde a criação do bairro em 2003, frutos de mais um projeto equivocado de habitação popular conduzido pela Prefeitura de São José dos Campos ao longo de anos e anos. No final do governo Emanuel Fernandes (PSDB), algum burocrata decidiu juntar em um mesmo espaço os moradores retirados de três favelas da cidade (Caparaó, Morro do Regaço e Nova Detroit), apesar de diversos alertas, feitos, inclusive, por especialistas em segurança pública. De imediato, grupos rivais das três favelas começaram uma guerra mortal pelo comando do tráfico de drogas no bairro novo.  A violência inicial marca, infelizmente, o Jardim São José 2 até hoje.

Emanuel foi um bom prefeito e seu projeto desfavelização teve boas intenções. Basta ver a unidade da Fundhas erguida próxima ao Paço, onde antes estava uma das áreas mais violentas da cidade, parte da favela Santa Cruz. Este, sem dúvida, foi um ato positivo. Mas, como diz o ditado, de boas intenções o inferno está cheio. Faltou o "e daí?", a resposta a uma pergunta básica, o que fazer com a população retirada das favelas.

Aí, o projeto deu com os burros n'água ...

O projeto de habitação popular do PSDB não deu certo. Ao longo dos anos, ele deixou marcas ruins, como o São José 2, que viu naufragar a prometida fábrica que a prefeitura pretendia instalar no bairro, para dar emprego aos moradores; e o Cingapura, no Monte Castelo, transformado em "bunker" do tráfico. Essa análise não é só minha. Muita gente boa do governo Eduardo Cury (PSDB) quebrou a cabeça na tentativa de buscar alternativas menos negativas para o day-after da desfavelização. Sem sucesso, infelizmente. Depois, o foco mudou para o Pinheirinho dos Palmares, entregue durante o governo Carlinhos Almeida (PT), uma solução emergencial que também ameaça desembocar em violência. Agora, o pepino caiu no colo do prefeito Felício Ramuth (PSDB).

Sem Estado, o crime avança. Simples assim ...

Isso aconteceu no Rio de Janeiro principalmente a partir do governo Leonel Brizola, levando a cidade hoje à beira do caos, com um clima de guerra urbana. É isso que se quer para São José dos Campos? Longe disso. Bem longe disso. Mas para trilharmos um outro caminho, o poder público tem a obrigação de intervir naquele espaço urbano em socorro a parte da população do bairro que trabalha, que estuda, que paga impostos. Intervir não é só colocar a Polícia Militar em alerta e reforçar a segurança. Isso tem que ser feito, sim, e com eficiência. Mas intervir é também ampliar a oferta de serviços, reforçar a infra-estrutura, criar espaços de lazer, apostar e incentivar a cidadania. Vejam só: muitos pais têm pedido transferência dos filhos da escola do bairro. Que triste. É isso que se quer para São José?

Eu acredito que não ...



Comentários

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Esse NÃO É UM PROBLEMA EXCLUSIVO do Jardim São José.

    Toda conjunto habitacional da CDHU tem problemas com tráfico e violência.

    Posso citar os nomes de todos...
    Inclusive, hoje uns dos conjuntos habitacionais da CDHU, tem até uma das maiores quadrilhas de roubo de carros...

    O problema NÃO DO ESTADO OU DO MUNICÍPIO... o problema é metade dos contemplados que NUNCA deixarão a pobreza interna ou a favela sair de suas vidas.

    ResponderExcluir

  3. realmente é um problema complexo, Celeste.
    mas, como todo problema complexo, deve ser encarado de frente.
    deixar do jeito que está não é a solução

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas