Cultura & Arte, pra quem?


por Paula Maria Prado
O pensamento de “o que eu consumo é melhor do que aquilo que o outro consome” é inaceitável. Chamar aquilo que o outro aprecia de “lixo cultural” é inadmissível. Pois é… Na inauguração deste blog “Caseado Cultural”, integrante do projeto de blogs de "O Vale", resolvi botar o dedo em graves feridas! Rs!
Há algum tempo, entrevistei Ayrton Montarroyos, cantor finalista do “The Voice” (Globo) considerado pela crítica uma das vozes da nova MPB. Bons papos nem sempre cabem nas enxutas reportagens do jornal.E, na ocasião, ele tinha se envolvido com uma polêmica: Montarroyos saiu em defesa de MC Troinha, sensação da música brega recifense. “É cultura sim!”, ele cravou. E ele tem razão! É cultura SIM!
É preciso ter em mente que arte é uma coisa, cultura é outra. Cultura é toda a expressão de um povo, já diz a querida Angela Savastano, gestora do Museu do Folclore, de São José, com quem tive o prazer de ter verdadeiras aulas em visitas que fiz ao local. A cultura é tudo aquilo que caracteriza uma comunidade, um povo, o torna real.
Quando você tira o título de cultura da música brega, caipira, do funk, do rap, do grafite ou de qualquer outra manifestação artística que não lhe agrada, ignora que aquilo tem valor para várias outras pessoas. Ainda que não faça sentido para ti, esse “lixo” é a expressão cultural de um grupo de pessoas, é o que caracteriza aquele povo e não se pode ignorar a existência cultural de um indivíduo. Não sejamos cruéis.
E é esse o ponto. É por isso que no caderno Viver& de "O Vale"o leitor encontra de Anitta à Orquestra de Viola Caipira. Dos grafiteiros as antigas figureiras do Vale do Paraíba. De JB Magalhães com toda a sua arte a Ney Matogrosso. Do teatro da Turma da Mônica a peça “A Tropa”, uma das mais aclamadas pela crítica nos últimos anos. Por quê? Porque é preciso tolerância, respeito e mais: é preciso dar espaços a todas as manifestações culturais.
E eu convido você, leitor, não só a continuar lendo cada reportagem do nosso caderno – uma vez que há um esforço trazer reportagens bacanas, cheias de boas informações -, mas sair da sua zona de conforto e descobrir (ou redescobrir!) novos artistas que podem lhe agradar ou não. Afinal, ouvir, ver, ler não custa. E conhecimento extra nunca é demais, não é mesmo?
Espero vocês neste espaço para falarmos sobre novidades, bastidores de reportagens e opiniões sobre filmes, livros e discos. Pretendo eventualmente fazer algumas crônicas, breves artigos, quem sabe… Vamos juntos?
PS: Já a arte… O que é arte mesmo? Se nem a academia chegou a um consenso, quem somos nós, né?
Paula Maria Prado é editora do caderno Viver& do jornal "O Vale".  Este artigo foi publicado originalmente no site do jornal


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