PSDB, PMDB & afins


por Marcos Meirelles

O PSDB virou biruta de aeroporto.
Um dia está com Michel Temer, no outro sugere a renúncia do presidente. Num dia, suas maiores lideranças avaliam que, acima de tudo, é preciso preservar a agenda das reformas (uma nova versão dos “fins justificam os meios”). 
No outro, o ex-presidente FHC vem a público e admite que a pinguela de Temer ruiu e que é melhor que todos tentem se salvar a nado.
Nesse vaivém infindável, o PSDB perde novamente a oportunidade de apresentar uma alternativa real de projeto para o país. Pior: aprofunda de tal forma a simbiose com Temer que seus candidatos terão que dedicar um razoável tempo extra, em 2018, para explicar porque o partido tentou legitimar a podridão do PMDB.
Dá até dó ver alguns “cabeças pretas” do partido pregando ao vento, defendendo o rompimento com Temer, enquanto a realpolitik de Geraldo Alckmin, João Doria & José Serra fala mais alto. Mas este calculismo eleitoral elevado à máxima potência pode cobrar um preço alto nas urnas.
O discurso à direita dos mesmos “cabeças pretas” tem aproximado o eleitorado do PSDB de movimentos “à moda Trump”, como MBL e quejandos. O próximo passo deste mesmo eleitorado será, inevitavelmente, se aproximar de candidaturas que representem mais autenticamente este ideário ultraconservador. Não por acaso, portanto, Alckmin e Doria patinam nas pesquisas diante de gente como Jair Bolsonaro.
Se o PSDB inviabiliza-se a cada dia, o PT já se inviabilizou faz tempo. Os 46% de rejeição a Lula nas pesquisas de intenção de voto indicam que, mesmo que não seja preso pela Lava-Jato, o ex-presidente corre o risco de enfrentar nas urnas a sua condenação simbólica mais expressiva.
Além dos nomes já citados, tudo o que resta são outsiders sem plataforma ou estrutura partidária ou casos de recall esmaecidos pela incapacidade de estabelecer uma narrativa minimamente coerente sobre o país.
Eis o cenário mais sombrio.

Temos tudo para eleger um Trump piorado em 2018. E podemos ter a certeza de que, mesmo com toda a podridão associada a Temer e seus asseclas, o PMDB ainda emergirá das urnas como maior partido do país.

Marcos Meirelles é jornalista. Este artigo foi publicado originalmente na edição deste final de semana do jornal "O Vale"

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