Para onde, S. José?
por Marcos Meirelles
Os 250 anos de São José poderiam inspirar seus moradores a refletir, por alguns minutos, sobre o presente e o futuro da maior cidade do Vale.
Quando conheci São José, no final da década de 80, esta era uma provinciana cidade industrial, com toda a sua economia girando em torno de megaempresas e de um boom da construção civil provocado pela circulação farta de dinheiro.
Quando me mudei para a cidade, no início da década de 90, o tempo da bonança industrial havia chegado ao fim. A Embraer enfrentava a maior crise da sua história e as indústria automotiva patinava com a abertura de mercado promovida a ferro e fogo pelo governo Fernando Collor.
O boom da construção civil havia sido substituído pelo crescimento desordenado na periferia e a favelização de áreas devolutas ou públicas próximas ao centro. A população joseense vivia um tempo de desalento, embora a expansão gradual do setor de serviços apontasse um novo horizonte.
O fim da década de 90 e toda a década de 2000 foi um novo tempo de bonança em São José. A Prefeitura multiplicou suas receitas e investiu em projetos de urbanização. Novas avenidas singraram o espaço urbano e loteamentos e prédios de alto padrão se multiplicaram de norte a sul. Praticamente do nada, surgiu toda uma nova região residencial de alto padrão, no Jardim Aquarius.
No início da década atual, a pujança do setor de serviços, alimentada pelas políticas de estímulo ao consumo, sinalizou ter atingido seu teto. A indústria, caminho sem volta, definhou ainda mais.
O Poder Público percebeu os riscos à cidade e tentou, sem sucesso, multiplicar o potencial de geração de empregos e de novos negócios nas empresas de base tecnológica.
E assim, aos 250 anos, São José se vê em uma encruzilhada: presa às glórias do passado, com uma qualidade de vida ainda invejável para os padrões brasileiros, mas com um futuro incerto ou sombrio.
O desafio de São José, portanto, é se reinventar. E isso passa necessariamente pela capacidade do Poder Público de identificar e estimular o potencial criativo dos próprios joseenses. Estímulo à economia criativa, desenvolvimento sustentável, soluções inteligentes de urbanismo, engajamento e interatividade com os cidadãos e políticas para a juventude estão na ordem do dia das cidades focadas no futuro.
São José estará preparada para ir além, definitivamente, do tripé indústria-comércio-serviços?
Marcos Meirelles é jornalista.
Este artigo foi publicado originalmente na edição do jornal "O Vale" do último final de semana
Este artigo foi publicado originalmente na edição do jornal "O Vale" do último final de semana
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