Só o voto direto salva



por Julio Codazzi

Só o voto direto pode nos dar um rumo legítimo.
Não que isso seja uma garantia de dias melhores, mas não vejo nenhuma saída correta para o Brasil que não passe por uma eleição direta. 

E a justificativa para isso é simples: somos (ou, pelo menos, deveríamos ser) um país sob regime democrático. Em uma eleição direta, quem escolhe o presidente é a população. Assim, não importa quem vença, é o mais justo. Na eleição indireta, quem vota são nossos congressistas. E obviamente a motivação da maioria deles não seria buscar o melhor nome para o país, mas sim aquele que seria capaz de atender melhor seus interesses: escapar da Lava Jato, oferecer cargos em ministérios e comando de empresas estatais, e por aí vai. 

Somos guiados hoje por um presidente sem qualquer legitimidade: Michel Temer foi eleito, ao lado de Dilma Rousseff, graças ao dinheiro oriundo de corrupção (só o TSE não viu, ou fingiu não ver); chegou à presidência por meio de um processo controverso e repleto de interesses escusos; coloca em prática o plano de governo do segundo colocado na eleição, e não aquele escolhido pelas urnas. 

Mas não é só Temer que deveria sair. 

A maioria quase absoluta do nosso Congresso foi eleita, direta ou indiretamente, com ajuda do mesmo dinheiro sujo. No caso dos deputados federais, por exemplo, o sistema proporcional faz com que cada voto em um candidato beneficie todos os que fazem parte de sua coligação. Ou seja, basta que um político daquela coligação tenha recebido dinheiro ilícito para que todos do grupo sejam favorecidos. 

Aplicando essa lógica aos nomes ali, quantos se salvam?

No caso dos senadores, todos os principais nomes eleitos receberam dinheiro de seus partidos. Os principais partidos, por sua vez, receberam dinheiro sujo. Quantos sobram?

Enfim, o Brasil só terá uma nova chance de escolher um rumo certo quando puder trocar -- ou mesmo escolher manter -- presidente e congressistas. Essa situação ilegítima que vivemos hoje poderia ser abreviada em caso de eleições gerais antecipadas, mas isso só ocorreria se todos esses citados abrissem mão do resto de tempo de seus mandatos.

Como isso é impossível, ao que tudo indica teremos que esperar até outubro de 2018 por uma oportunidade de mudança. Só nos resta torcer para que o estrago até lá não seja ainda maior.

Julio Codazzi é editor-executivo do jornal "O Vale".
Este artigo foi publicado originalmente na edição do último fim de semana nesse veículo

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