Números, números ...


Meio cheio ou meio vazio?

Um copo com água pela metade está meio cheio ou meio vazio?

Essa questão é um desafio filosófico conhecido. Para o otimista, o copo está cheio.
Para o pessimista, vazio. Pela lógica, na verdade, meio vazio ou meio cheio depende mais de quem olha o copo. E do tamanho da sede.

O que isso tem a ver?

Bem, duas pesquisas de opinião sobre a avaliação do governo Felício Ramuth (PSDB), divulgadas recentemente, apontam para a mesma direção: ao completar 100 dias, o governo tem uma aprovação em torno de 36% a 37%.

A primeira pesquisa, divulgada sábado, foi feita pela Allure a pedido do jornal “O Vale”. Ela mostra que o governo foi considerado ótimo ou bom para 37% dos entrevistados. Outros 30% classificaram a gestão como regular contra 12% que consideraram a administração ruim ou péssima. Outros 20% não souberam ou não quiseram opinar. O levantamento foi feito  entre 6 e 8 de abril, com margem de erro de 4 pontos percentuais para mais ou para menos, em um universo de 600 pessoas.

A segunda pesquisa, divulgada hoje pelo portal “Meon”, foi feita pela Mind.
Ela mostra que o governo é aprovado por 36,3% dos eleitores de São José dos Campos, somando os índices que consideram a administração ótima (6%) ou boa (30,3%). A gestão foi considerada regular por 31,1% dos eleitores e reprovada por 9,8% --soma dos que a avaliam como ruim (5%) ou péssima (4,8%). Outros 22,8% dos eleitores ainda não têm uma opinião formada sobre o atual governo. O levantamento data de 12 de abril, com 400 entrevistas e margem de erro de 5 pontos.

Feitos por institutos diferentes e divulgados por veículos diferentes, os levantamentos apontam para um mesmo Norte.
Otimista, o prefeito Felício Ramuth enxergou além ...
Com base no levantamento de “O Vale”, o prefeito fez um post nas redes sociais comemorando os 67% de aprovação de seu governo, graças à soma do ótimo, bom e regular. Bem, Felício está na dele, mas ...

A soma automática do regular ao ótimo e bom é, digamos, um desvio estatístico.
Por lógica, quando um entrevistado diz que um governo é regular, ele, na verdade, está procurando distanciar-se do ótimo e do bom, assim como do ruim e do péssimo. Para ele, é como dizer que uma administração está na média, sem aprova-la ou desaprová-la. Alguns institutos linha-dura insistem que aprovação é ótimo + bom, assim como desaprovação é péssimo + ruim. Outros, para evitar uma saia justa, aceitam a anexação do regular, pura e simples. Alguns, para ficar no meio termo, adotam o regular positivo e o regular negativo, dividindo o índice de regular em dois e somando cada metade a uma parte: regular positivo com ótimo e bom; regular negativo com ruim e péssimo. Nem Salomão pensaria em uma solução dessas ...

Mas isso é como discutir sexo dos anjos. Cada instituto segue a sua regra, a sua lógica e as suas tendências. 


E cada político faz o que bem entende com os números.
Afinal, um copo com água pela metade pode estar meio cheio ou meio vazio, dependendo de quem olha e dependendo do tamanho da sede. Mas, como diz o ditado, cuidado ao ir com muita sede ao pote. Ele pode quebrar ...

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