Nem todo gato é pardo ...

Está na Prestação de Contas Eleitorais

Em um ponto pelo menos, a nota do ex-prefeito Carlinhos Almeida (PT) sobre a lista do ministro Édson Fachin está correta: a Odebrecht Defesa, via Mectron, fez sim doações a outros candidatos de São José dos Campos nas últimas eleições.

Era uma prática da empresa. Aliás, prática comum de muitas empresas.

Na campanha de 2012, por exemplo, que levou Carlinhos à lista B de Fachin, enviada para apuração na Justiça Federal de São Paulo, a Mectron aparece doando R$ 50 mil ao comitê de campanha do PT de São José dos Campos. Uma consulta rápida ao site do TSE mostra que a mesma empresa doou o mesmo valor ao comitê financeiro do PSDB de São José dos Campos, responsável pela campanha de Alexandre Blanco ao Paço Municipal.

Os dois casos, no entanto, têm, além de uma semelhança, duas diferenças.

Primeira diferença: ao contrário de Blanco, Carlinhos já tinha uma relação anterior com a Odebrecht Defesa, quando ele foi, como deputado federal, relator da MP da Defesa. Em depoimento, dado durante a investigação da operação Lava Jato, o delator Cláudio Melo Filho, ex vice-presidente de Relações Internacionais da Odebrecht, diz que Carlinhos havia sido procurado em 2011, para articular alterações em alguns pontos da Medida Provisória 544/2011. Melo Filho contou que à Lava Jato que conhecera Carlinhos em viagem institucional à Ucrânia. O depoimento não fala em troca de favores, mas existe aí um contexto.

Segunda diferença, a doação a Carlinhos integra, por azar dele ou por culpa eventual do ex-prefeito, a maior investigação sobre corrupção da história do país. Somando tudo, noves fora a Lava Jato e o desgaste do PT, caso Carlinhos esteja certo e o dinheiro da Odebrecht Defesa-Mectron tenha sido realmente doação de campanha, ele vai ter que rebolar muito para provar que focinho de porco não é tomada. Esse é um caso que precisa ser esclarecido. Vamos até onde isso vai ...


Comentários

  1. Uma contribuição que talvez ajude a demonstrar que as alterações na MP 544 mencionadas não eram articulações ocultas mas sim um assunto tratado pública e institucionalmente. Neste link é possível conferir o discurso do então deputado Carlinhos a respeito goo.gl/7hyzwb
    Ele registra na tribuna da Câmara "o trabalho que temos feito em conjunto com a ABIMDE - Associação Brasileira de Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança, e com o COMDEFESA - FIESP, São Paulo, no sentido de aperfeiçoar a Medida Provisória nº 544".

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