O Uruguai é azul
Exemplar na mesa do café |
Editora Civilização Brasileira, 348 páginas.
Mais que político, é um livro lírico. Ela narra a vida da família após a fuga do Brasil, nos primeiros dias da Ditadura. Boa parte dele é narrado pelos olhos do menino João Vicente, na época com 7 anos. É um viés menos conhecido da história, o exílio da família Goulart, primeiramente no Uruguai, por fim na Inglaterra. Jango só voltaria ao Brasil morto. Para muitos, um presidente fraco. Para outros, um perigoso para a nação. Para João Vicente, o pai ...
Merece ser lido como um testemunho da história. Ou, de um dos lados dela.
E por trechos de puro lirismo, como no diálogo entre João Vicente e a mãe, Maria Thereza, quando a família partia para o exílio:
-- Mãe, para onde estamos indo?
-- Para o Uruguai, João Vicente, respondeu ela.
-- Uruguai, mãe? Onde é isso?
-- É um outro país, meu filho.
Segundo ela, fiquei longos segundos pensativo antes de disparar:
-- Mãe, de que cor é o Uruguai?
Foi naquele momento que minha mãe se deu conta da distância a ser percorrida, dos dias na presidência, de seu casamento em São Borja, de sua infância. Pensou profundamente no que diria para aquela criança. Olhou para o céu aberto e profundo de um dia claro. Era possível ouvir o barulho das hélices. As lágrimas caíram no seu rosto, mas, sem se perturbar, ela virou para mim e falou:
-- O Uruguai é azul, João Vicente. É azul.
Ideologias à parte, um livro escrito com o coração de um filho ...
Comentários
Postar um comentário