É a festa do caqui!
Na semana que passou, a Câmara de São José dos Campos
apanhou feito cachorro magro por um crime que, ela alega, não cometeu.
A resolução 02/2017 não é tão radiativa como parece?
Bem,
mortal, não é. Só é perigosa. Tanto que subiu no telhado na Casa ...
Mas, independente disso, a Câmara merece ser colocada em
xeque, entre outros motivos, por duas questões. O primeiro tem a ver com a
votação da resolução maldita, feita no vapt-vupt (para usar uma expressão deste
jornal), em menos de dois minutos, com 7 dos 21 parlamentares em plenário, como bem notou o sempre atento João Paulo Sardinha, repórter do jornal "O Vale". Pior
que isso, só em sessão secreta, trancada a sete chaves, depois da meia-noite. O
segundo não tem a ver só com a Câmara de São José, mas, sim, com a estrutura
que o poder público constrói a seu redor para sustentá-lo.
Daí, a discussão
mais profunda e necessária que surge é a seguinte: a Câmara precisa de toda
essa estrutura de cargos, salários e benesses para existir?
Faça o teste: se você perguntar a qualquer vereador, de qualquer
partido, a reposta será sim, precisa. Mas não se engane, leitor, a resposta
real você sabe: é não, não precisa.
A Câmara tem uma estrutura inchada ao longo dos anos para sustentar o jogo
político do toma-lá, dá-cá, do apadrinhamento, com cargos em excesso, frota em
excesso, excesso de regalias para vereadores e assessores, salários corrigidos
por regras nem sempre transparentes. A Câmara precisa dar telefone celular a
cada vereador? Ou notebooks? Eu acho que não. Dá para enxugar a estrutura dos
gabinetes, onde podem ser nomeados até nove assessores a cada parlamentar? Eu acho que dá. Com
todo respeito ao cargo, à pessoa e à função, alguns salários acima de R$ 10 mil
pagos a funções pouco complexas na estrutura da Casa são uma “banana” dada ao
cidadão comum. Outro ponto delicado: a TV Câmara tem razão de existir? Seu
trabalho agrega valor ou ela não passa des uma TV oxigênio, daquelas que estão
no ar, mas ninguém vê?
E, olhe, isso não vale só para a Câmara de São José. É tudo
uma grande festa do caqui, como diz minha amiga Denise Perotti.
Basta olhar para as Assembleias Legislativas, Câmara dos
Deputados e Senado Federal, para não citar outras esferas de governo, também
com gastos extravagantes.
Sejamos sensatos: deputado precisa de auxílio paletó?
De carro alugado com tanque cheio ou de carro oficial com motorista à
disposição 24 horas? De auxílio moradia?
E, olha, essas são algumas das inúmeras mordomias entregues de mão beijada aos nobres parlamentares.
Está na lei, tem que seguir as regras, dirão os políticos.
Ora, quem faz a lei e as regras?
Gastar dinheiro público é coisa séria. Esbanjar dinheiro público com benesses é
crime contra o bom senso e contra o cidadão. Essa é a discussão que nasce da
resolução 02/2017, uma fabriqueta de marajás. Não dá para mudar o mundo, mas dá
para começar a mudança a partir da sua cidade. Que tal ter como meta reduzir os
gastos gerais da Casa em 30%? Não vale aquela conta de faz-de-conta de devolver
dinheiro para a prefeitura no final do ano. Corte, corte, com metas e prazos.
Aí sim dá para levar a Câmara mais a sério.
Fica a sugestão
para o Observatório Social, para o Ministério Público, para quem se interessar.
Essa é uma briga que vale a pena. A sociedade agradece.
Este artigo foi publicado originalmente na edição deste fim de semana do jornal "O Vale"
Este artigo foi publicado originalmente na edição deste fim de semana do jornal "O Vale"
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