Jornalismo nas redes sociais
por Adriano Pereira
Já notou que o maior veículo de notícias do mundo atual não
produz notícia nenhuma?
Sim, o Facebook se transformou nisso, um local de
divulgação de tudo e de todos que é alimentando unicamente por usuários. Até aí fica fácil de entender.
Mas a forma de consumo da notícia também mudou. Não passa um
dia sem que eu chegue na casa da minha mãe e ela me dá uma “nova” pela metade.
Eu sei que ela leu isso no Facebook, e sei que ela só leu o título, porque
qualquer pergunta que eu faça na sequência a resposta é sempre a mesma: “não
cliquei pra ler, só vi que aconteceu”.
Não é só minha mãe. No bar, na padaria, no supermercado o
que a gente mais encontra é notícia pela metade. Acaba que a informação atinge
um número enorme de pessoas, mas não chega inteira, gera interpretações
erradas, cria ruídos e o telefone sem fio é inevitável. E mesmo assim, a
quantidade de gênios especialistas no tudo inunda esse mesmo ambiente.
Foi pensando
nesse contexto atual que o jornal O Vale fez uma nova aposta: criar conteúdo
que circula somente nesse ambiente imediatista e que recebe a maior parte da
sua atenção no audiovisual do que nas letras.
Desde dezembro, a página do jornal no Facebook recebe
conteúdo produzido exclusivamente para esse ambiente. Na maior parte em vídeos,
com pequenos programas e quadros específicos. Numa comparação simplista, seria
a nova televisão, aquela que você assiste quando quiser. E até o próprio FB
entende assim.
O algoritmo atual do site percebe o comportamento de cada
usuário. Então, se você costuma assistir vídeos quando chega em casa, depois do
trabalho, sua timeline será inundada de vídeos nesse horário. Não importa que
horas foram postados. Parece mágica, mas é só tecnologia.
Não é só isso. Há uma linguagem própria da rede. Ela é
despojada, informal, pede proximidade e dá margem para o debate. Aliás, o
ditado sobre gregos e troianos é mais do que regra. Nas redes, os dois lados
são capazes de se unir para reclamar. Parece até uma terapia de grupo, uma
histeria de massa virtual.
E mesmo assim, o que estamos fazendo é experimentalismo.
Resolvemos seguir nossa compreensão sobre jornalismo em um novo ambiente, sem
seguir regras estabelecidas por gurus do novo mundo digital. Acertamos e
erramos, mas estamos conseguindo bons resultados. Porque no final das contas,
seja qual for o veículo ou a plataforma, entregar notícias segue antes de tudo
as regras do bom jornalismo.
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