A Ragatanga de Carlinhos

Ragatanga virou febre no país (Geradormeme)

Alguns amigos meus simpáticos ao PT reclamam das minhas análises sobre o governo Carlinhos Almeida (PT), encerrado no dia 31 de dezembro.
Dizem que sou muito crítico.
Mais: dizem que sou quase sempre ácido com Carlinhos, incapaz de ver diversos projetos e ações do governo do PT que foram eficazes, da reforma do Cine-Teatro Benedito Alves ao programa Escola Interativa, da implantação do antipoeira à regularização de lotes clandestinos na periferia da cidade. Está feito o registro.

Mas continuo com a mesma opinião: para mim, Carlinhos fez um governo fraco. Pior, fez um governo sem foco.

O governo Carlinhos me lembra a música “Ragatanga’, que fez um sucesso danado no Brasil anos atrás com um refrão sem pé nem cabeça, cantado pelas garotas do Rouge. Chegou a ficar 11 semanas na parada de sucessos. Bem, diz a lenda e os entendidos em música que o refrão maluco tem como base a letra de “Rapper’s Delight”, do trio Sugarhill Gang, que massificou o estilo rap nos Estados Unidos entre os anos 70 e 80, com muita ginga, muito talento.
Com um detalhe: Ragatanga é “Rapper’s Delight” cantado por alguém que não sabe inglês. Talvez o Diego na letra da música, sei lá ...

Dessa forma, segundo essa versão, “I said a hip, hop, the hippie” virou “Aserehê ra de re”, para deleite de tanta gente boa, como a minha querida amiga Camila Gouvêa, especialista em uma das coreografias mais engraçadas que já vi desse sucesso do Rouge. Vixi, Camila, contei o segredo para todo mundo. E agora?

Bem, voltando ao foco, o governo Carlinhos foi, para mim, o Ragatanga da administração pública. Ele tinha um modelo, algumas boas ideias (apesar do excesso de interferência do PT), mas foi executado no improviso, por gente que não sabia a letra original. Asherehê e vamos em frente ...

O mutirão da Saúde virou poeira, a promessa de não importar “estrangeiros” caiu por terra e o governo entrou, nos dois primeiros anos, em uma corrida maluca ao elencar como prioridade a eleição de Amélia Naomi (PT), mulher de Carlinhos, a deputada federal. Isto é, sem querer, querendo, Carlinhos transformou a eleição de 2014 em uma espécie de plebiscito de seu governo, com Amélia encarando Eduardo Cury (PSDB) nas urnas. Cury foi eleito com votação recorde, Amélia não. Azedou geral.

É pouco ou quer mais? Teve o BRT que foi do nada ao lugar nenhum, o corredor de ônibus da Andrômeda. Isso sem falar do kit escolar ...

Depois, no último ano, foi o improviso total. Reforma na 9 de Julho, quiosques na Orla do Banhado, obras que nunca tinham estado na pauta da cidade surgiam da noite para o dia, graças à necessidade de mostrar algo na eleição de 2016. A publicidade oficial tentou transformar Carlinhos em um tocador de obras. Sem chance ...

É triste, mas Carlinhos perdeu a chance de fazer um bom governo.
No final, ficou essa Ragatanga sem sentido, uma espécie de coisa planejada sem cuidado, sem projeção de médio e longo prazos.


É o que eu acho. Meus amigos do PT vão ficar, mais uma vez, bravos comigo. Fazer o que? Não tenho nada contra Ragatanga (mas prefiro rock, por formação), mas Asherehê não combinou, em nada, com o que a cidade e seus cidadãos esperavam de um bom governo.

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