Luís 15 ou salto agulha?



Tucano adora um salto alto ...

Esse pecadilho custou ao partido a eleição de 2012, quando o PSDB entregou de mão beijada a Prefeitura de São José dos Campos ao PT. À época, o resultado surpreendeu até o vencedor, Carlinhos Almeida (PT). Fadiga de material. Com a eleição de Felício, a expectativa era que o tucanato tivesse aprendido a lição. Pura ilusão. Com pouco mais de dois anos, a dúvida de parte do tucanato já é a seguinte: que salto combina melhor com seus projetos de governo e suas metas políticas? Salto agulha? Luís 15? Plataforma? Pois é, enquanto tem muita gente trabalhando sério no governo, alguns tantos (que ilusão!)  já enxergam os cargos e o próprio governo como algo para chamar de seu.

Um exemplo?

Ora, a ponte estaiada, que tanta discussão tem gerado. Trata-se de um bom projeto com enredo atravessado, apesar do esforço dos secretários Paulo Guimarães e José Turano Junior. Vamos por partes para entender ...

Tirada do bolso do colete e recauchutada para ser o Ovo de Colombo de Felício, a ponte obedeceu até aqui um cronograma mais calcado na agenda eleitoral que no bom-senso. Anunciada, teve edital lançado, construtora escolhida e pau na máquina, com a meta de ser entregue em outubro deste ano. Só depois, com o trem nos trilhos e o debate sobre a obra espumando mais que alka-seltzer, o governo resolveu fazer o óbvio: explicar para a sociedade, de fato, o porquê da obra. Aí vieram cartilhas, reuniões a torto e a direito, uma verdadeira via crucis.  Mas Inês já estava morta, o Fla-Flu estava instalado e os equívocos do processo a toque de caixa ficaram expostos: tinha faltado o óbvio, dialogar com a sociedade antes de as máquinas terem começado a furar o solo na Marginal do Vidoca. O MP entrou em campo, obteve sucesso em sua ação e os operários tiveram que cruzar os braços, esperando uma decisão da Justiça sobre a necessidade ou não da obra de R$ 48 milhões. O tucanato esperneou, mas, por enquanto, tem que admitir: caiu do salto.

Agora é ter cuidado para não torcer o tornozelo ...

Necessária ou não, a ponte estaiada torna evidente que a gestão pública (e sua condução) mudou e mudou muito nos últimos anos. Não basta a decisão do Executivo. Décadas atrás, um prefeito como Sérgio Sobral de Oliveira podia até murar a favela Santa Cruz para esconder os barracos e a pobreza da cidade da vista dos visitantes. Hoje, a sociedade e as salvaguardas legais que ela dispõe frente a projetos e arroubos dos administradores estão mais complexas. Não basta ter ideias, mesmo que elas sejam boas (no caso de Sobral, não, elas eram equivocadas). É preciso construir um consenso em torno delas, dialogar com os extremos, estabelecer prazos e cronogramas factíveis com a agenda da sociedade e não com a simples agenda eleitoral, de quatro em quatro anos. 

Mas, para isso, o primeiro passo é descer do salto. E, mais difícil, sem perder o rebolado ...

Este artigo foi publicado na edição do jornal "O Vale" deste final de semana

Comentários

  1. Aí Hélcio Costa, gostei do artigo. Nele você admite na sua opinião, finalmente, ser "... um bom projeto com enredo atravessado". Mesmo com esse enredo atravessado o projeto é inoportuno, não prioritário e tenho minhas dúvidas se ele é bom mesmo. Mas o resultado da confusão você diagnosticou muito bem: tucanos emplumados e suas manias de grandezas....kkkk

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  2. O teimosão insiste em obras faraônicas,carissímassss,que endividam a cidade por décadas,a tal ponte estaiada é um exemplo da teimosia do alcaide, obra desnecessária, mas os tucanos sem nada para mostrar ao eleitor,apostam em passarelas.Além do bico grande,plumas ainda usam salto alto.

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