Como dois e dois são cinco ...

E o debate político, Ó!


Assisti aos vídeos em que Arthur do Mamãe Falei confronta Carlinhos Almeida e Angela Guadagnin em São José dos Campos.

Confesso que não gostei.

Candidato a deputado estadual pelo DEM, Arthur Moledo do Val exerce seu costumeiro papel de justiceiro midiático em dois momentos: com Carlinhos no Calçadão da Rua 7 e com Angela e Carlinhos em outro momento, em outro ponto da cidade. O discurso de Arthur segue o roteiro básico: acusações de corrupção contra Carlinhos e o PT, Lula preso, a dança da pizza protagonizada por Angela em 2006, quando ela cumpria mandato como deputada federal, em resumo. Achei forçado, uma tentativa meio infantil de constranger os políticos do PT, um blá-blá-blá meio decorado, com Arthur procurando falar mais alto, repetindo frases e argumentos, uma lenga-lenga que já faz parte de seu personagem. Enfim, me soou oportunista. Afinal, qual a coragem de bater-boca com lideranças políticas cujo densidade já se esvaiu no tempo, estão em viés de baixa?

Repito: não gostei.

E antes que algum militante do MBL venha me chamar de petista, já vou avisando: não sou do PT, não votarei no PT, nem tenho simpatia pelo PT (embora tenha amigos no PT, como tenho em diversos outros partidos). Reportagens feitas por equipes sob minha responsabilidade direta, como editor de jornal, foram responsáveis por desvendar o escândalo do kit-escolar do governo Carlinhos e pela abertura dos três processos de CEI contra Angela, entre outras pedras no caminho deles como administradores públicos em São José dos Campos. Em uma campanha eleitoral no tempo do guaraná com rolha, Angela interpelou judicialmente o jornal que eu editava à época, o antigo “ValeParaibano”, quase 20 vezes na tentativa de evitar ser associada à Dança da Pizza. Não ganhou nenhuma. Sou crítico do PT desde o tempo em que ser a favor do PT era moda, quase uma unanimidade em algumas categorias. Mas acho que política é uma coisa mais séria do que os vídeos de Arthur do Val em São José dos Campos.  “Enfrentamentos” como esses tornam o embate político um grande deboche, uma versão moleca do “nós contra eles”, inventado por Lula e que tanto mal faz e já fez ao país. São, na verdade, um “fake”, uma encenação, travestida de justiçamento político, de coragem de ir lá e dizer o que quiser na cara deles. 

Tem amigo meu que gostou dos vídeos.

Faz parte. Cada um, cada qual. Os cara-pintadas do MBL podem arriscar até uma defesa à liberdade de expressão. Longe de mim censurar coisa alguma, é só uma questão de gosto. Ou podem arriscar um conflito de gerações. Sem problemas. Mas, para mim, em política devem existir adversários, não inimigos. 

E segue o baile ...
 


Comentários

  1. O cara do "mamãe falei", não levou as chineladas que deveria ter levado da própria mãe... rs rs rs.

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  2. Nossa! Hélcio conheci seu blog através de um amigo. Acho bacana essa sua forma de escrever e questionar os fatos que acontecem em nossa cidade.

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  3. agradeço a seu amigo então. valeu a leitura ...

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  4. Concordo. O tal "Mamãe Falei" é mais um produto da mídia fácil, superficial, que não provoca reflexão, além de ser um diálogo assimétrico, em que o interlocutor - independente da "vítima" do momento - elabora previamente sua fala e não permite a construção do outro. Enfim, é pobre. Como é pobre sua apropriação pelo MBL, cujo "L" é um arremedo de liberdade.

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