Afogado no copo d'água ...


O ex-prefeito Carlinhos Almeida (PT) corre o risco de acabar afogado em um copo d’água em razão das trapalhadas cometidas por seu governo com as ações da Sabesp.

Não por falta de aviso.

O caso foi investigado pelo Ministério Público, que ofereceu denúncia contra Carlinhos por uso irregular do dinheiro repassado pela Sabesp à Prefeitura de São José dos Campos pela renovação do contrato com a estatal, acordo fechado durante o governo Eduardo Cury (PSDB). Em razão disso, o MP pede a condenação do ex-prefeito por improbidade administrativa, o que pode gerar multa, ressarcimento do dinheiro mal utilizado e a perda dos direitos políticos de Carlinhos por até 8 anos. A peça do MP é densa. São mais de 1.000 páginas, com muitos detalhes e revelações, que mostram uma sucessão de erros e descasos. A verba era carimbada e deveria ter sido aplicada em ações da Sabesp.
O que houve?

Ora, o governo Carlinhos lançou mão de parte do dinheiro (R$ 47 milhões) para pagar dívidas. Isto é, mudou o destino dos recursos, sem aval da Câmara. Indo atrás dessas pistas, “O Vale” revelou que parte do dinheiro foi repassada à Fundação Cultural para bancar a reforma do Cine Teatro Benedito Alves.

Mas não é só.

A peça do MP aponta também de que a Prefeitura de São José dos Campos pode ter perdido muito dinheiro com a venda, em lote, de 3,2 milhões de ações da estatal, em operação realizada em 24 de fevereiro de 2016. O governo do PT esperava obter R$ 68,2 milhões, mas a venda, em block trade, isto é, em leilão agendado, atingiu R$ 71,9 milhões, mesmo com um deságio de 8%. Hoje, as ações, que estavam avaliadas em R$ 21 cada, estão valendo R$ 35. Fazendo uma conta simples, o lote renderia hoje R$ 112 milhões, R$ 40,1 milhões a mais do que obteve a prefeitura no leilão de 2016.

Houve má fé? Quem ganhou com isso?

Bem, isso cabe à Justiça apurar. Pelo sim, pelo não, o caso mostra como um gestor público pode enfiar os pés pelas mãos se não tiver foco. Pior: o caso de Carlinhos não é um caso isolado. Muita gente se afoga por não seguir o caminho das pedras. Seria bom que a safra de novos gestores, entre eles, Felício Ramuth (PSDB), aprendessem com esse caso. Afinal, cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém ...

Este texto foi publicado originalmente na edição de fim de semana do jornal "O Vale"

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