Felício: dois em um?

Felício Ramuth (Meon)

Na conversa que tivemos pelo telefone, no início da noite de sexta-feira, sobre a ação civil em que ele é réu em denúncia de fraude em licitação em Praia Grande, no litoral sul do Estado, o prefeito Felício Ramuth (PSDB) procurou separar sua atuação como empresário da sua carreira como político.

Palavras dele:

-- A denúncia envolve fatos de antes da minha posse como prefeito de São José. Em nada ela afeta ou põe em risco o cidadão de São José -- disse, negando, por diversas vezes, envolvimento na fraude citada na denúncia do Ministério Público.

Por essa lógica, que permeou a conversa, aqui e ali, Felício busca blindar o governo, que chega agora ao sexto mês de existência. Perguntado se em que grau o processo de Praia Grande desgasta o governo do PSDB, ele foi categórico:

-- Não há desgaste para o governo, o caso não envolve o governo. Pode haver um desgaste para o empresário Felício, não para o prefeito -- afirmou.

É uma linha de argumentação. Por ela, Felício tenta evitar que as denúncias contidas na ação civil pública do MP de Praia Grande, acolhidas, em parte, pela Justiça, respinguem sobre sua gestão, colocando suas ações, decisões e atos administrativos sob um véu de suspeita indireta. Outro objetivo dessa linha de argumentação é diferenciar Felício do ex-prefeito Carlinhos Almeida (PT) --envolvido em diversos processos abertos para apurar desvios, erros e problemas criados dentro de sua gestão à frente da Prefeitura de São José dos Campos. Pelo sim, pelo não, a argumentação tem sua lógica. 

Mas, no fundo, ela é falha ...

Sem antecipar culpas, nem inocências, a ação, por sua existência, pura e simplesmente, coloca uma pedra no sapato do governo. Afinal, não existe um Felício Ramuth empresário e um Felício Ramuth prefeito. Ambos são um só. Felício tem razão quando afirma que a ação de Praia Grande não envolve um ato de governo. Nem poderia. Os fatos são anteriores à sua posse como prefeito. Mas o comportamento de Felício, seja como empresário, seja como cidadão comum, têm, sim, reflexo, direto ou indireto, na imagem do governo. 

É torcer para que a apuração dos fatos seja rápida, precisa e justa.
Até lá, é vida que segue ...



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