Todos querem ser Doria ...

Espelho, espelho meu ...

por Marcos Meirelles

Todo mundo quer ser Doria no Brasil 2018 ... 

Mas é difícil ser Doria até mesmo para João Doria, o prefeito paulistano que se transformou em um “case” da política nacional com sua plataforma de piloto de Fórmula 1 e seu comportamento de garoto propaganda.

O Doria que espelha todos os novatos da política nacional projeta feitos e façanhas dignos de um super-herói da administração pública.  Zera filas de exames em quatro meses, impõe metas e horários para todos os secretários, premia os funcionários bem comportados e dedicados. O João Doria que lida com o mundo real da administração pública congela verbas da cultura, da educação e da saúde. E convive com o aumento assustador da miséria nas ruas da capital paulista. O Doria super-herói condena a indústria da multa e manda aumentar a velocidade nas avenidas, satisfazendo o ego dos milhares de paulistanos que pensam sobre quadro rodas. O João Doria do mundo real tem que conviver com aumento dos acidentes, com protestos de ciclistas e, contraditoriamente, com uma arrecadação crescente com multas de trânsito.

Há, portanto, dois Dorias em ação na capital paulista.

Há aquele que demite secretários pelo Facebook e arranca aplausos da massa intolerante das redes sociais.  E há aquele que não se conforma com a exposição pública dos excessos de guardas municipais imbuídos do afã dorista.

Até 2018, o Doria super-herói tem tudo para triunfar e virar a alternativa de centro para a eleição presidencial, o inimigo mortal de Lula, mas devidamente reticente em relação aos bolsonaros de plantão. As pesquisas indicam isso, não há nenhum tucano melhor colocado e nenhum com mais chances de fazer frente a Lula.

No entanto, alguns tropeços mais retumbantes do João Doria real podem colocar tudo a perder. E existe muita gente interessada em estimular e explorar esses tropeços, a começar pelos seus inúmeros desafetos dentro do próprio PSDB.

Em qual Doria você acredita? E qual é o Doria mais próximo de você?
Em cenário marcado por uma crise aguda de representação política, essas são perguntas cruciais para entender as perspectivas do Brasil em 2018.

Marcos Meirelles é jornalista.
Esta coluna foi publicada originalmente na edição deste fim-de-semana do jornal "O Vale"

Comentários

  1. O carma brasileiro da falta de verdadeiros lideres e do eterno
    confundimento entre melhor e bom........

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