Desembarque tucano

O deputado federal Eduardo Cury

O deputado federal Eduardo Cury defende o desembarque imediato do PSDB do governo Temer, mantendo o apoio às reformas estruturais, mas deixando ao presidente da tarefa de mostrar, ou não, a sua inocência frente às denúncias da JBS.

-- Para mim, essas últimas revelações foram como um soco no estômago -- disse Cury.

As afirmações do deputado foram feitas hoje pela manhã em palestra no auditório do Ciesp de São José dos Campos, em evento que festejou, com um dia de atraso, o Dia da Indústria. A palestra, inicialmente sobre as "Reformas Trabalhista e da Previdência", foi pautada por um tom político, em razão da crise que abala o país. Mais de 200 pessoas acompanharam o evento, entre elas a deputada federal Pollyana Gama e o deputado estadual Davi Zaia (ambos do PPS).

Para Cury, a crise política exige tomadas de decisão.

-- Meu partido foi atingido de frente (com as denúncias contra Aécio Neves, então presidente do PSDB. Perdemos o discurso da ética, mas agimos rápido. Outros partidos preferem agir diferente -- afirmou, se referindo ao afastamento de Aécio do comando do partido, assumido por Tasso Jereissati.

Pouco antes do evento, em conversa rápida com o blog dois:pontos, Cury classificou como séria a crise política e revelou que, em Brasília, as lideranças já tratam do governo pós-Temer. "Nomes surgem todo dia", disse, se referindo à busca de uma liderança que una a maioria e possa disputar uma eventual eleição indireta para um mandato tampão à frente da Presidência da República. O PSDB defende o nome de Tasso. O PMDB, com apoio do PT, defende o nome do ex-ministro Nelson Jobim, recebido com reservas por Cury. Segundo o deputado, Jobim, com seu estilo tratorzão e com forte influência junto ao STF, está próximo a grupos interessados em estancar a Lava-Jato.

Gatos & Ratos

Durante a palestra, Cury foi enfático ao afirmar que a corrupção não atinge só o PT, embora nos governos Lula e Dilma ela tenha se espraiado.

-- Estamos vivendo uma época de caça aos ratos. Mas e os gatos? O que os gatos --imprensa, Ministério Público, Polícia Federal-- estavam fazendo estes anos todos enquanto os ratos aprontavam tanto? -- perguntou.

A palestra durou uma hora, com mais de 30 minutos de perguntas e respostas. Cury adotou um tom crítico, mas ponderado. Ao final, foi bastante aplaudido.

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