Um tesouro no Vale

A obra de Di no Clube dos 500

Fique de olho: um tesouro da arte moderna brasileira voltará, em breve, a estar exposto ao público no Vale do Paraíba.

O Clube dos 500, em Guaratinguetá, acaba de terminar a reforma do Salão Di Cavalcanti, um espaço de cerca de 80 metros quadrados que deve ser reaberto, em breve, voltando a funcionar como restaurante. Na parede do fundo do salão está esse pequeno tesouro: um painel de Di Cavalcanti, um maiores nomes da pintura moderna no Brasil, datado de 1951, pintado ali antes mesmo da abertura da Via Dutra, quando o Clube dos 500 --recém-criado-- ainda pertencia ao empresário Orozimbo Roxo Loureiro. No mural de 20 metros quadrados estão todas as características que marcaram as obras de Di: as cores vibrantes, as formas sinuosas e os temas bem brasileiros.

Reaberto o salão em breve, o Clube dos 500 passará à parte mais delicada da obra: a restauração do painel de Di, que, ali e acolá, apresenta algumas pequenas fissuras.

Para isso, o empreendimento buscou a Lei Rouanet, obtendo cerca de R$ 600 mil para o trabalho de restauração. O momento atual é de buscar especialistas que possam levar avante a aventura de recuperar a obra de Di.

Como a obra foi pagar lá?

Isso faz parte das lendas do Clube dos 500, um espaço idealizado para ser um ponto de parada obrigatória nas antigas viagens entre Rio e São Paulo.  Ali estão traços do Brasil dos anos 50, o Brasil que gerou a Bossa Nova e Brasília, além de arte e design de qualidade. Oscar Niemeyer assinou os dois primeiros blocos do hotel, que somam 20 dos atuais 70 apartamentos de alto padrão. O paisagismo? Leva a assinatura de Burle Marx. O arruamento é obra de outro craque, Prestes Maia, engenheiro civil e arquiteto que chegou a prefeito de São Paulo nos anos 60.

Voltando à história, a lenda sobre a obra conta que Di esteve hospedado no Clube dos 500 entre 1950 e 1951 fugido do Rio de Janeiro, onde teria se envolvido em uma briga com uma ex-namorada. Sem dinheiro para pagar a estadia, pagou o abrigo com a obra.

Verdade? Exagero?

O certo é que o Clube dos 500 tem histórias reais e lendas à exaustão. De certo, o hotel recebeu muitos presidentes brasileiros, de Getulio Vargas a Fernando Henrique Cardoso. Ali também se hospedava o cineasta Amácio Mazzaropi --que chegou a filmar algumas cenas naquele espaço e, mais, buscou inspiração nos apartamentos projetados por Niemeyer para construir, tempos depois, os alojamentos dos artistas do antigo PAM Filmes, em Taubaté, hoje transformado em Hotel Mazzaropi.

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