E o Oscar vai para ...


Câmara em sessão: todo cuidado é pouco


O vídeo que mostra a aprovação no vapt-vupt da resolução 02/2017 é uma aula de como
são encaminhadas as votações dentro de uma Casa de Leis, seja a Câmara de São José dos Campos ou não.

São dois minutos que valem a pena ser assistidos.

Mais nervoso que Warren Beatty em noite de Oscar, o presidente da Casa, Juvenil Silvério (PSDB), chega a errar o encaminhamento de votação, corrige o rumo e dá por aprovado o texto com sete vereadores em plenário.  As imagens da TV Câmara mostram o plenário deserto, mas a anotação oficial da sessão subverte a realidade: aponta como presentes vereadores que estavam reunidos na sala Pedro Bala, anexa ao plenário, e totalmente alheios à votação. Foi, sem dúvida, uma sessão cheia de surpresas.

Muita gente defende que essa votação seja apagada da história da Câmara de tanta confusão registrada em tão pouco tempo.

Eu não. Eu acho que ela deve ser lembrada para que todo mundo passe a ficar alerta ao passa-moleque que pode vitimar o bom senso e o bom andamento dos projetos em uma Casa de Leis. Não entro aqui no mérito do texto, já analisado pelo blog em diversas ocasiões, mas na forma como ele foi colocado em pauta e em votação.
Mais: na Câmara, quando tudo parece calmo demais, é preciso ficar alerta. Tudo fica do jeito que o diabo gosta ...

Essa prática é antiga.

Quando eu era repórter de Política e a Câmara ainda funcionava no centro da cidade, lembro de um fato que exemplifica isso.
Na Câmara Velha, os jornalistas sentavam muito perto do plenário. Estávamos eu e o radialista Álvaro Gonçalves acompanhando uma sessão, que havia entrado em um período de calmaria após muito bate-boca em torno de um projeto de alteração na Lei de Zoneamento. Havia um acordo de cavalheiros para que o projeto fosse analisado ao final da sessão. Com o plenário mais calmo, o presidente da Casa, Jairo Pinto, começou o encaminhamento de diversos projetos, que, segundo ele, eram secundário. Com sua voz anasalada, comendo algumas palavras, falando rapidamente, Jairo começou a citar, aos tropeções, números e números de projetos, todos aprovados por unanimidade.

No roldão, passou o projeto polêmico.
Eu alertei um vereador que era radicalmente contra o texto:

- Olha, aquele projeto acaba de ser aprovada, com seu voto a favor.
- Não, ele vai ser votado em separado.
- Corre lá e veja, acabou de ser aprovado por unanimidade.

Dito e feito. O vereador (que prefiro não nominar, ele já se aposentou da política há tempos)  correu até a Mesa, checou a votação, pediu questão de ordem, esbravejou, reclamou ao microfone, fez o diabo. Mas o leite já estava derramado. E sobre o leite derramado, o ditado já ensina: não adianta chorar ... 

Naquele tempo não tinha TV Câmara. Agora tem.
Enfim, está aí uma bom argumento para deixar a TV Câmara como está: ciada para divulgar o trabalho dos parlamentares, ela virou uma espécie de BBB para fiscalizar os vereadores. Só falta o paredão. Quem vai propor?



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